Por que você é único?

Toda a alma humana é única. No contexto da psicanálise, é designada como psique (mente consciente e inconsciência), coloquialmente dizemos: “a consciência do sujeito que varia de indivíduo para indivíduo”. Porquanto, não importa o paradigma utilizado para aferir as semelhanças: indivíduos de uma mesma família com o mesmo nível intelectual e social, são diferentes.

Então, tais características distintas são profundas e afloram ao longo da existência (vida) nas relações com o outro. É fato, que se evidencia no modo de agir e/ou pelo comportamento entres os sujeitos.

Tem um ditado “os dedos das mãos não são iguais.”. Tais, como são os dedos das mãos são também entre próprios irmãos.  Não há pessoas iguais às outras e como dizia minha filha Rebeca aos 5 aninhos “cada pessoa é uma pessoa”.

Quantas vezes ouvimos ao longo da vida seguinte assertiva: “meu filho é tão diferente de mim” ou “eu e meu irmão(a) não temos nada em comum”. Esse fato que nos leva a refletir: porque isso ocorre? — quer dizer, por que existem tantas diferenças de personalidade dos sujeitos das nossas relações?

Vamos refletir — fui desperto as 4:20h pelo meu pequeno Jr. (de 15 meses), aliás —, como é de praxe nestas semanas (fase do nascimento dos dentes) — nem sei ao certo se foi a quinta ou sexta vez durante a noite, mas recordei dos outros seis filhos meus que foram tão diferentes! — Porque somos tão diferentes? – despertei, e cá reflito.

Como aprendiz de cozinheiro, estudante de psicanálise e do espiritismo, quero propor a seguinte analogia: o ser — sendo composto de parte biológica e parte mental é uma cebola.

Segundo estudos sobre o desenvolvimento da psique de indivíduo dando conta de que são as influências das experiências da mãe no período gestacional, findam por se integrar sua própria psique e a do feto também, isto é, a mente da genitora influência a própria (alma) e a do bebê.

Fazendo uma analogia da cebola, se houvesse uma doença ou defeito de crescimento entre as camadas seria uma marca visível para toda a cebola. Tal como ocorre na construção do aparelho psíquico do indivíduo: um trauma.

Assim, como nas cebolas os defeitos entre as camadas são os registros traumáticos que afetam o desenvolvimento saudável do ser dali adiante.

Pensando na formação do ser: (indivíduo/sujeito), como uma cebola (em camadas) — as camadas mais profundas são como as experiências das vidas passadas, — poderíamos investigar em análises (no divã) ou como segundo os espiritas, se tratam das consequências de vivências de outras encarnações, seja como for, sabemos:

Pela psicologia analítica de C.G. Jung: “que há o inconsciente coletivo” — o qual observamos nas figuras arquetípicas: modelos de comportamentos; o que escreveu o mineiro espírita Chico Xavier relatando o espírito Joanna de Angelis: “a existência de um inconsciente profundo”, por fim, e não menos importante, o pai da psicanálise Freud, disse das “sombras no inconsciente e os recalques” — experiências que o ego reluta em integrar a mente consciente, mas que influenciam na vida do indivíduo.

Nesta singela analogia: o nosso interior se assemelha a uma cebola — divido em camadas. Poderíamos sugerir que as experiências cotidianas tanto biológicas como mentais, ambas são gravadas numa das camadas da nossa cebola.

Então, quando olharmos para cebola com sua casca fina de coloração pálida, por vezes seca, se assemelha a persona: máscara social — utilizada nas nossas relações com o outro. Assim, se pensarmos nesse sentido, a parte interior (o meio da cebola) é onde contem a essência do pé de cebola, a nossa alma imortal.

Sendo, portanto, o núcleo da cebola o resultado das nossas vivências, o nosso self: o centro do que somos. Essa parte de nós que carrega a essência do ser que somos, ou seja, os resultados das nossas experiências.

Você é único, porque tem a centelha que reage a cada experiência: seja interior ou exterior de maneira peculiar. Sua subjetividade é no fundo o próprio livre arbítrio. Acredite você ou não, o desenvolvimento da psique sofre as consequências das experiências mentais da nossa própria genitora.

Por fim, o presente será parte do inconsciente profundo numa próxima vida e as barreiras da subjetividade existente podem ser removidas a depender da evolução moral do ser. Por cento, que as diferenças entre nossas almas só desaparecerão ao atingirmos elevada moral. É o que os antigos designaram como seres crísticos. Da realização plena do indivíduo que nasce o ser integral, isto é, a formação, o nosso self: resultado do conjunto de todas nossas experiências.

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REFLEXÃO: CARCEREIRO DA CONSCIÊNCIA

O grande entrave de muitas pessoas para vivenciar a liberdade, felicidade e a paz, está ligado ao seu grau de compreensão da própria vida. Indivíduos infelizes contumazes, por certo são aqueles acanhados para encarar a si mesmos, sobretudo, pela sua incapacidade de enfrentar velhos dogmas e preconceitos vazios, que só denotam uma ignorância febril, e essa, se torna a carcereira da própria consciência e até da alma.

Este breve texto é um convite para analisarmos o quanto anda a nossa liberdade interior.

Pela nossa maneira de pensar e reagir frente a cada nova realidade em nossas vidas no dia-a-dia, seja na esfera (pessoal, profissional, social), que nos tirar da zona de conforto, zona infantil da mesmice é que constatamos o nosso nível de entendimento.

Se forem recorrentes em nossas mentes, lamentos (porque só acontece comigo: “síndrome do vira-lata”), julgamentos (culpando sempre os outros) e desculpas (justificando os próprios erros) é certo que a insegurança e o medo controlam o nosso ser.  

Disse o filósofo: “as coisas nos parecem absurdas ou más porque delas só temos um conhecimento parcial e estamos na completa ignorância da ordem e da coerência da natureza na totalidade”.

Portanto, penso que a ignorância de si e a falta de entendimento sobre a causa e o efeito é que nos conduzem a prisão da consciência, tirando a paz da nossa alma imortal. E, é pelo autoconhecimento, pela busca do conhecimento de si, que encontraremos as melhores respostas para nos libertar do carcere existencial, porque afinal, as melhores soluções para nossos dilemas existenciais são encontradas dentro de cada um.

REFLEXÃO: O DESPERTAR DE SI É IMPORTANTE!

Uma certeza que temos na vida que conhecemos, é que ela é finita. Que todos um dia morreremos! Embora, muitos de nós não compreendamos o processo chamado vida, não muda que ao morrermos remanescerá as nossas experiências armazenadas, seja lá onde queiramos denominar: consciência, alma, espirito.

Por isso, só o conhecimento de si, o autoconhecimento, propicia “a descoberta do uno na diversidade”, (Joseph Campbell). E, para compreender os mistérios que envolvem a existência: o ciclo da vida, necessitamos saber sobre a nossa essência. Mas no caminho do entendimento encontraremos muitas contradições naquilo que nos foi apresentado como verdade.

Vemos, por exemplo, nas principais vertentes desses conhecimentos, as religiões ocidentais, onde em suas teologias em síntese é dito, sobre: (a vida e o castigo eterno, a hora do julgamento, um momento da salvação, etc.), mas não explicam aquilo que é substancial sobre nós: (quem somos), tornando tais ensinamentos ainda mais confusos.

Diante disso, ao que tudo indica, penso que poderemos encontrar as melhores respostas em nós mesmos, independentemente de dogmas e crenças, isto é. iniciando a busca a partir da simples análise desse princípio: somos indivíduos únicos. Fato comprovado e incontroverso, por exemplo, mesmo dentro de uma família há peculiaridades distintas: (modo de pensar, aspirações, sonhos, motivações, etc.) dentre cada um de seus membros.

Assim, contextualizando, cada indivíduo tem alma, isto é, um espirito imortal, querendo ou não. E, essa parte de nós é dotada de atributos: sutil e simultaneamente poderoso, — como energia vital para o nosso corpo físico e controlador das nossas emoções e sentimentos.

Fato esse, que nos faz seres únicos: a nossa essência é revelada na existência (vida), ou seja, sendo a pessoa que de fato somos, independente de outras influências, como:  origem genética, decorrente da intelectualidade; meio social; crenças; ou qualquer condição na qual estejamos inseridos. Portanto, é verificável os porquês de agirmos de maneira extraordinária, peculiar, frente às mais diferentes situações, e que costumamos dizer: “agi assim seguindo meu coração”.

Conhecer a si mesmo é fundamental para compreender o elementar numa existência: o propósito, o motivo, pelo qual se vive agora e neste plano terrestre. Pode ser reconfortante ter consciência disso, melhor ainda é para compreender a complexidade da vida, pois, basta imaginar o quanto a sua essência já vivenciou em outras oportunidades, e continua experimentando.

Portanto, a dor não deve ser rejeitada, assim como, os momentos de felicidade devem ser plenamente vividos, sempre no aqui e agora.