
IGUALDADE É UM IDEAL DE SOCIEDADE, MAS PODE ADOECER PRÓPRIA A ALMA HUMANA
Foi na idade média que aconteceu o alvorecer do amor romântico, com ele, veio surgiu a cultura da felicidade para todos. No campo da organização social, essa ideia de bem comum, ao que tudo indica, evoluiu para mudanças políticas e influenciou muitas nações, culminando em confrontos de classes sociais, gerando a utopia social de que “todos são iguais”.
Sem dúvida esse fato social foi relevante, e certamente representou uma evolução nas organizações dos estados, por exemplo, impulsionou as revoluções de liberais sob lema da liberdade, igualdade e fraternidade que culminou com as revoluções americana e a francesa no século XVIII.
Entretanto, o preço desses ideais nobres e inovadores da história moderna afetou sobremaneira os indivíduos por gerações. Esses, tem como legado conviver com uma difícil realidade nas relações com o outro, pois, sendo todos iguais, ainda assim, teriam que conviver com o ímpeto da própria subjetividade. É certo, que o tema da igualdade orbita o mundo filosófico, o mundo das ideias, e em sentido stricto, é só mais uma bela abstração.
Resumindo, o sonho da igualdade que se fixou no imaginário popular como uma ideia transformadora: todos os indivíduos da sociedade se tornaram, de instante a outro, sujeitos de direitos isonômicos e com isso nasceu os princípios dos direitos sociais. Na visão do indivíduo comum, tal artifício de que “todos tem o direito de viver a felicidade…” é uma grande utopia.
Passado mais de três séculos dessas revoluções que criaram o governo do povo pelo povo, a meta da igualdade nunca foi atingida. Isto é, a liberdade, igualdade e fraternidade na pós-modernidade ainda não existe. Talvez, isso explique o porquê de sermos acometidos das mais diversas psicopatologias, tais como é a ansiedade e a depressão.
Geração após geração, vemos através das artes igualdade e liberdade sendo cantadas em versos e prosas. E, indivíduos medianos perseguem esses belos ideais aceitando as narrativas de que para termos a igualdade devemos amar o outro. Fato que isso se converteu em crenças dominante e permanente aqui no mundo ocidental.
Então, o indivíduo sujeito deve se abster de conquistar o domínio de si, porque antes deve se submeter em prol da igualdade coletiva. Fato esse, que por si só adoece a própria alma, visto que reprime a própria individualidade, ou seja, aquilo que o torna único.
Não há segredo algum, está no imaginário popular, no inconsciente coletivo, dito por C.G.Jung. Por certo, isso desaguará num mar de frustrações, fazendo paulatinamente vítimas de uma psique inconsciente e coletivamente doente.
Igualdade pode até ser um tema inspirador, bom para agregar indivíduos e manter a ordem em grupos sociais, mas, não faz o mesmo bem para indivíduos fortes de espíritos livres, porque a esses, cabe os custos para consecução da isonomia. Por afinal, a igualdade não é natural, nem mesmo para as espécies das mais insignificantes criaturas.
Assim, se os seres humanos deixam o caminho da individuação, o caminho natural, para seguirem regras sociais que lhes impõem o cerceamento da individualidade em nome da sociedade do coletivo. Esses árbitros dessa coletividade lhes imporão injustiças de toda sorte na tentativa de obter a dita igualdade. Ademais, pessoas comuns, pensam na igualdade como sendo dogmas, quando, na verdade, essas crenças da igualdade são fontes de muitas frustrações, que culminam no grande stress da dita pós-modernidade.
Sigmund Freud no final do século XIX, que em muitos aspectos se inspirou na teoria de Darwin, principalmente, ao se afastar da teologia para explicar a evolução humana. Fato é que a teoria freudiana foi revolucionaria, porque quebrou tabus do indivíduo e da coletividade, causando desentranhamento do tecido social, pelo menos, é que se vê no mundo ocidental.
O novo paradigma desvelado por Freud, em sua teoria do inconsciente, diz: que o indivíduo é antes de tudo sujeito de desejo desde tenra idade, e que o desenvolvimento da sua personalidade é forjada pela experiência nessa fases inicial e que vão além das meras escolha da razão. Então, se seus desejos forem socialmente repreensíveis, esses também o serão insuportáveis pelo EGO, findando por reprimi-los ao nível inconsciente e dando origens as psicopatologias.
Por fim, moldando a personalidade do indivíduo segundo a teoria psicossexual freudiana, ela é ímpar e tem influências próprias da sexualidade. Contextualizado, a ideia de igualdade que se tornou princípios no mundo ocidental é incompatível com o desenvolvimento humano. Isto porque, se o desejo do indivíduo é reprimido em prol do outro ou da sociedade, se vê tolhido na sua individualidade, resultando em adoecimento da própria alma.